Casal Ativista
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Governo visa extinguir mais direitos sob pretexto de "geração de novos empregos"
quinta-feira, 3 de maio de 2018
Ocupações: a luta diária por um direito básico.
Quando se fala em ocupação por moradia, erroneamente muitos associam essa ocupação à invasão de uma propriedade particular. Entretanto devemos nos atentar ao seguinte:
O direito à propriedade privada existe? Sim, isso é obvio.
Esse direito é absoluto?
Essa é a grande questão. Se alguém tem uma propriedade e esta não cumpre com a sua função social, seu direito à propriedade deixa de ser absoluto, uma vez que o interesse coletivo sobrepõe o individual.
O que é função social?
A função social, durante um tempo foi tida como tão somente o caráter rentável da propriedade, entretanto esse entendimento se estendeu e, no art. 186 da Constituição Federal estão elencados os requisitos de cumprimento dessa função social, quais sejam:
• Aproveitamento racional e adequado;
• Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
• Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
• Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Portanto, para dizer que uma propriedade cumpre sua função social, esta deve cumprir obrigatoriamente todos estes quatro requisitos. Caso contrário, estará descaracterizada sua função social, estando a propriedade em situação ilegal / irregular.
Diante disso, se algumas famílias adentram um imóvel em situação irregular e dão a este imóvel uma função social, está caracterizada uma ocupação.
Vale lembrar:
Adentrar propriedade em situação ilegal, dando-lhe função social: ocupação.
Tomar terras demarcadas e ou públicas a fim de instalar determinada atividade exploratória em troca de financiamento de campanha ou qualquer outra vantagem: invasão.
Ao contrário do que muitos acreditam, ocupações são muito bem organizadas e visam garantir a seus integrantes um direito básico e extremamente negligenciado: o direito a uma moradia.
Se partirmos do pressuposto de que há, no Brasil, mais de 7 milhões de imóveis vazios e mais de 6 milhões de famílias sem casa, constatamos que o problema é muito mais simples de ser resolvido do que parece. Mas ao invés de investir em fornecer essas moradias, os governantes preferem fechar seus olhos e manter o status quo e com isso, mantém inalterada a condição social de milhões de famílias, jogando-as nas áreas de risco, em prédios condenados.
Portanto, antes de fazer qualquer juízo de valor a respeito de alguma ocupação, pense que ela não precisaria estar ali se não fosse pela negligência e omissão governamentais em fornecer e possibilitar a essas famílias, a devida manutenção e garantia de seus direitos à propriedade.
Enquanto morar for um privilégio, ocupar é mais que um direito, é um dever.
Conheça aqui um pouco sobre a comunidade Dandara, uma das mais antigas ocupações de Belo Horizonte.
quarta-feira, 31 de maio de 2017
Danilo Gentili: a demonstração clara de certeza da impunidade disfarçada de "humor"
Não é novidade para ninguém que o
Ao longo dos anos, Gentili tem se envolvido em diversas polêmicas pelo conteúdo de suas falas.
Uma de suas primeiras polêmicas, foi quando ele fez uma "piadinha" comparando o metrô de higienópolis ao trem de Auschwitz. Tudo começou quando foi anunciado que os moradores do bairro não queriam uma estação de metrô em sua região. O bairro é conhecido pelo alto número de judeus.
Em 2012, o jornalista Thiago Ribeiro fez um vídeo compilando as ofensas de Danilo Gentili na internet. Gentili então, usou o Twitter para perguntar ao jornalista quantas bananas ele queria para esquecer essa história. Apesar do racismo, Gentili foi absolvido das acusações.
Danilo ainda chamou de "gênio" um homem acusado de estuprar uma menina inconsciente.
Ele ainda tentou se defender dizendo que o post em questão havia sido mostrado "fora do contexto"
sexta-feira, 21 de abril de 2017
21 de abril: O dia em que a comemoração dos ideais de independência cerceiam a liberdade
Como todos sabemos, o 21 de abril em Ouro Preto sempre foi conhecido por ser uma data voltada para que todos pudessem levar suas pautas e fazer suas reivindicações. Bom, isso era uma realidade até a gestão do ex-governador Aécio Neves.
Mas afinal, o que é essa Medalha da Inconfidência?
A Medalha da Inconfidência é a mais alta comenda concedida pelo governo de Minas Gerais, atribuída a personalidades que contribuíram para o prestígio e a projeção mineira.
A solenidade da entrega acontece anualmente, no dia 21 de abril (feriado de Tiradentes), em Ouro Preto.
Essa medalha foi criada em 1952, durante o governo de Juscelino Kubitschek e é entregue sempre no dia 21 de abril com quatro designações: Grande Colar (Comenda Extraordinária), Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.
É tão irônico pensar que a cidade palco da Inconfidência Mineira, da Guerra dos Emboabas e da Revolta de Filipe dos Santos, tendo em sua história tantas lutas pela liberdade, hoje seja palco das violações desse direito fundamental.
Nota do Governo de Minas
Lançada hoje (21), a nota diz que não houveram pessoas impedidas de assistir à cerimônia, mas somente um "credenciamento" corriqueiro e constante em todas as outras edições desse evento.
Pois bem. Esse "credenciamento corriqueiro" só passou a ser feito a partir da gestão Aécio.
Durante o governo de Itamar Franco (PMDB 1999-2002), as manifestações contrárias ao governo eram permitidas em toda extensão da Praça Tiradentes. O exemplo mais clássico é a manifestação contra a privatização da VALE, onde o então Ministro da Fazenda Pedro Malan foi recebido por manifestantes que baixaram as calças e mostraram a bunda ao Ministro.
Com a entrada de Aécio no governo de Minas, as manifestações passaram a ser proibidas no entorno da Praça e assim começou a restrição que dura até hoje.
Semana Santa e os protestos políticos
Há exatamente uma semana atrás Ouro Preto foi palco de uma Semana Santa muito peculiar. Entre os tradicionais tapetes de serragem, haviam mensagens de cunho político e outras representando diferentes bandeiras (Anarquismo, Feminismo, Comunismo, etc.), mensagens com o dizer "Paz na Síria", dentre outras como "Fora Temer", "Amar sem temer", homenagens a personalidades como Raul Seixas e Dandara, e até mesmo representativas de movimentos de ocupação (Ocupação Chico Rei).
Essa manifestação foi duramente criticada por algumas pessoas que diziam não ser aquele o momento certo para manifestações políticas e que essas deveriam ser feitas agora, dia 21.
Gostaria de convidar essas pessoas a refletirem um pouco sobre como foi esse 21 de abril, com um raio de 2km de restrição aos manifestantes e aos demais que não eram credenciados.
Dentro do atual contexto político, se tem algo que não está sendo respeitado, ou melhor dizendo, que está sendo MAIS desrespeitado, é o direito à livre manifestação. De que adianta "ceder" um espaço às manifestações (já está errado aí, ninguém deveria ter que ceder ao povo um espaço que já é dele) se este se encontra distante o suficiente para passar despercebido por aqueles que deveriam ouvi-lo?
É irônico o prefeito de Ouro Preto e o governador fazerem discursos tão inflamados, exaltando os ideais de liberdade, o prefeito lembrou em seu discurso de Tiradentes e Nelson Mandela, mas pareceu se esquecer completamente da população à qual serve e a qual tem sido, desde 2003, alvo de uma restrição que fora imposta por um governador que nunca quis ouvir a voz do povo.
Façamos então o que sugeriu o governador. Relembremos a história.
"Foi dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Com a decisão da Coroa Portuguesa de instituir a Derrama no ano de 1789, o sentimento de revolta atingiu seu ápice pois esta medida administrativa permitia a cobrança forçada de impostos, mesmo que para fazê-lo fosse preciso prender o "devedor".
Entretanto, antes que a conspiração se transformasse em revolução, em 15 de março de 1789 foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, luso-açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda.
Tomando conhecimento da conspiração, o Visconde de Barbacena enviou Silvério dos Reis ao Rio para apresentar-se ao vice-rei, que imediatamente abriu uma investigação (devassa), no dia 7 de maio. Avisado, o alferes Tiradentes, que estava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro escondeu-se no sótão da casa de Domingo Fernandes da Cruz, amigo da tia de Alvarenga Peixoto, dona Inácia. Desejando saber "em que termos vão as coisas", pediu ao padre Inácio de Lima, sobrinho de dona Inácia, para que procurasse por Silvério dos Reis, "amigo". No dia 9 de maio, Silvério dos Reis contou ao vice-rei que sabia quem conhecia o paradeiro de Tiradentes. No dia seguinte, o Padre Inácio foi apresentado ao Palácio e ameaçado para entregar a localidade do alferes.
Tiradentes teve a casa cercada ainda no dia 10 por soldados originais da cidade de Estremoz. Escondeu-se atrás das cortinas da cama, segurando um bacamarte carregado, cedido por Matias Sanches Brandão, e mantendo duas pistolas por perto, cedidas por Francisco Xavier Machado. Quando os soldados invadiram o quarto, Tiradentes entregou-se.
JULGAMENTO E SENTENÇA
D. Maria I, através de carta de clemência, alterou a pena de todos os presos acusados do crime de lesa-majestade, à exceção apenas para Tiradentes, que continuou condenado à pena capital, porém não por morte cruel como previam as Ordenações do Reino: Tiradentes foi enforcado.
Na manhã de 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que não houvesse novas revoltas.
Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse."
"JUSTIÇA que a Rainha Nossa Senhora manda fazer a este infame Réu Joaquim José da Silva Xavier pelo horroroso crime de rebelião e alta traição de que se constituiu chefe, e cabeça na Capitania de Minas Gerais, com a mais escandalosa temeridade contra a Real Soberana e Suprema Autoridade da mesma Senhora, que Deus guarde.
MANDA que com baraço e pregão seja levado pelas ruas públicas desta Cidade ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre e que separada a cabeça do corpo seja levada a Vila Rica, donde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação, até que o tempo a consuma; que seu corpo seja dividido em quartos e pregados em iguais postes pela estrada de Minas nos lugares mais públicos, principalmente no da Varginha e Sebollas; que a casa da sua habitação seja arrasada, e salgada e no meio de suas ruínas levantado um padrão em que se conserve para a posteridade a memória de tão abominável Réu, e delito e que ficando infame para seus filhos, e netos lhe sejam confiscados seus bens para a Coroa e Câmara Real. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792."
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Bertolucci confessa o estupro de Maria Schneider
Bertolucci, diretor do filme O Último Tango em Paris confessou durante entrevista ter combinado com o então ator Marlon Brando, a cena da violação de Maria Schneider, sem que ela soubesse o que iria acontecer.
O filme foi gravado em 1972, Maria Schneider veio a falecer em 03 de fevereiro de 2011, 39 anos após ter sido estuprada pelo ator Marlon Brando, que teve por cúmplice o diretor Bertolucci.
Maria Schneider, que à época do filme tinha apenas 19 anos, jamais imaginara que durante a gravação de um filme, teria seu corpo violado porque o diretor "não queria que ela fingisse a raiva, queria que ela sentisse".
Com essa explicação, o diretor, em uma entrevista de 2013 disse não se sentir arrependido, mas culpado.
Segue abaixo a transcrição de parte da entrevista do diretor Bertolucci, sobre Maria Schneider:
[...]
- Desde o filme não voltamos a nos ver porque ela me odiava. A cena chamada de "La Mantequilla" é uma ideia que eu tive com Marlon Brando na manhã antes de filmá-la, mas me portei de uma maneira horrível com Maria, porque não lhe disse o que iria acontecer, porque queria sua reação como menina, não como atriz.
[...]
- Se arrepende de fazer a cena como a fez? - pergunta o entrevistador
- Não, mas me sinto culpado. Culpado mas não arrependido. [...] Não queria que Maria fingisse a sua humilhação, sua raiva. Queria que Maria sentisse, não que atuasse sua raiva e humilhação.
Com esse argumento, o diretor fala sobre a cena em que Maria foi estuprada.
"Eu era muito jovem para entender melhor. As pessoas achavam que eu era como a garota do filme, mas aquela não era eu." dizia Maria Schneider sobre a fama de libertina que lhe foi atribuída após o lançamento do filme O Último Tango em Paris.
A falta de divulgação do caso e de condenação dos responsáveis pelo estupro de Maria Schneider só demonstra o quão acentuada e legitimada ainda é a violência de gênero à qual a mulher é constante e diariamente exposta, sem que hajam maiores consequências para os autores da mesma.
Maria Schneider também foi uma das milhares de vítimas da cultura do estupro.
Veja abaixo o video da entrevista de Bertolucci:
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Parabéns, Samarco! Hoje o resultado de sua negligência faz aniversário.
Sobreviventes
Dentre os sobreviventes desta tragédia, está uma professora, que estava na escola de Bento Rodrigues no momento exato em que a barragem se rompeu. Como pode ser visto no depoimento dela, o distrito não dispunha de nenhum sistema de alarme para o caso de um rompimento de barragem. Os habitantes locais ficaram sabendo do ocorrido por intermédio de outra moradora que, ao ser noticiada do rompimento, montou em sua moto e saiu distrito afora para alertar a toda população.
Veja o depoimento:
- A hostilidade de alguns moradores da cidade de Mariana, pois alguns nutrem um sentimento de que eles (atingidos) não deveriam estar ali. Realmente, não deveriam. Deveriam estar em suas casas, em seu distrito. Mas eles não podem. Metade do distrito de Bento Rodrigues está submersa devido à construção de um dique da Samarco.
- É exatamente isso que você leu no final do ponto anterior. O distrito está prestes a sumir, como pode ser conferido nesta reportagem. Isso se deve ao fato de que o Governo de Minas autorizou a construção de um dique para conter os rejeitos da Barragem de Fundão.
"Muitos dizem que nós temos vida de rei. A maioria do Bento vivia nas suas próprias casas e hoje nem um lar nosso nós temos. Que vida de rei é esta?"
Bento Rodrigues, apesar de seu tamanho, era um distrito muito mais antigo do que as cidades de Ouro Preto e Mariana. Não deixemos que sua história termine assim.
Jamais esqueceremos de Bento Rodrigues!
domingo, 30 de outubro de 2016
Sobre a PEC 241
Antes de abordarmos a PEC 241 (agora PEC 55), vamos nos ater a saber o que é uma Constituição e o que é uma PEC:
Constituição
É um conjunto de regras, normas e leis de um país. É ela quem define os direitos e limita os poderes. A Constituição é, portanto, a lei máxima de um país.
Uma Constituição pode sofrer mudanças em seu conteúdo?
Depende. Existem na Constituição as chamadas Cláusulas Pétreas, que são aquelas que não podem sofrer alterações, elas estão previstas no artigo 60, §4º da CF/88, sendo:
- Forma federativa de Estado
- Voto direto, secreto, universal e periódico
- Separação dos Poderes
- Direitos e garantias individuais.
Como visto, contando com algumas exceções, uma Constituição pode sofrer mudanças em seu conteúdo, porém, para tal será necessário uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), e assim, passamos ao tópico seguinte.
PEC
A PEC é uma atualização da Constituição. Tal instituto é utilizado a fim de modificar o conteúdo de uma Constituição sem que seja necessário a convocação de assembleia constituinte.
Quem tem legitimidade para apresentar uma PEC?
- O Presidente da República;
- 1/3 dos deputados ou senadores;
- Mais da metade das Assembleias Legislativas das Unidades Federativas, nesse caso, mais da metade dos deputados deve votar a favor da proposta.
- Criação de cargo, emprego ou função;
- A alteração de estrutura de carreira;
- Restrições à admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos
- Reajuste salarial de servidores públicos.
Mas a PEC não fala sobre congelamento de gastos
Não contém explicitamente a expressão "congelamento de gastos", mas com uma leitura mais atenta de seus dispositivos, pode-se verificar no texto integral, algumas justificativas para aprovação desta PEC.
No item 9 (nove) verifica-se o seguinte trecho:
"Tal regime consiste em fixar meta de expansão da despesa primária total, que terá crescimento real zero a partir do exercício subsequente ao de aprovação deste PEC, o que levará a uma queda substancial da despesa primária do governo central como porcentagem do PIB. "O que isso significa?
Significa que as Despesas Primárias do governo central, não terão o crescimento real, tendo apenas o reajuste através da inflação.
Um exemplo: Se essa PEC tivesse sido aprovada no ano de 1998 - ano em que o salário mínimo era de R$130,00, hoje teríamos um salário mínimo no valor de R$400,00 ou seja, teríamos um salário R$480,00 mais baixo do que o atual.
Além do salário mínimo, outras despesas primárias sofrerão tal congelamento. São elas:
- Saúde
- Educação
- Abono e Seguro Desemprego, etc.
Além das já citadas anteriormente, há que se destacar as consequências para os servidores federais, já constantes no conteúdo da PEC, caso o limite de gastos previsto seja descumprido por qualquer dos três poderes (Legislativo, Executivo ou Judiciário) ou órgão, quais sejam:
- Não poder conceder aumentos para seus funcionários;
- Não organizar concursos públicos;
- Impedir a criação de bônus e mudanças nas carreiras que levem a aumento de despesas.
- Congelamento de salários;
- Uma discussão maior sobre distorções do funcionalismo público no país.
No ano de 2015, 20% das despesas do governo foram com pessoal. Com os aumentos concedidos neste ano, tal percentual deve crescer ainda mais.
É sabido que o
A Previdência desse grupo, que conta com mais de 2 milhões de pessoas, entre as quais 44% são aposentados ou pensionistas, é o que mais prejudica as contas públicas.
Impacto no SUS
Fabiola Vieira e Rodrigo Benevides, pesquisadores do Ipea apontam que o congelamento das despesas pelo prazo de 20 anos, pode resultar em uma perda de R$ 743 bilhões para o setor da Saúde.
Tal estudo ainda destaca que o gasto com saúde no Brasil é de quatro a sete vezes menor do que o de outros países que tem o sistema de saúde universal, como Reino Unido e França, sendo também, inferior aos gastos da Argentina e Chile, onde o direito à saúde não é universal.
Dentre os países citados acima, o Brasil foi o que menos investiu em saúde, conforme tabela a seguir:
Além disso, gastos com programas sociais também poderão ser afetados posto que tal medida prejudicaria o alcance e qualidade dos serviços públicos oferecidos, como por exemplo, o PNE (Plano Nacional de Educação) aprovado em 2014, que visa universalizar a educação e criar um plano de carreira para os professores da rede pública, que sabemos, são os mais mal pagos do país.
"A população brasileira está envelhecendo. Deixar de investir na educação nos patamares necessários, como identificados no PNE, nos vinte anos de vigência da emenda proposta – tempo de dois PNEs -, é condenar as gerações que serão a população economicamente ativa daqui vinte anos, a terem uma baixa qualificação", disse o consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Paulo Sena, ao site Anped, que reúne especialistas em educação.
Quem serão os maiores atingidos pela PEC?
Não é preciso pensar demais para concluir que os maiores atingidos por essa medida é a população mais pobre.
A Agência Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) divulgou uma carta aberta em repúdio à PEC.
Além do mais, há que se lembrar que um salário mínimo reajustado apenas tendo por base a inflação ao invés de somá-la ao percentual de crescimento do PIB só irá atingir àqueles que tem o seu ganho diretamente atrelado ao salário mínimo.
Por que a Procuradoria Geral da República entende a PEC como sendo inconstitucional?
Segundo nota técnica divulgada no dia 07 de outubro, A PGR afirmou que a PEC é de fato inconstitucional. Segundo o documento, "as alterações por ela pretendidas são flagrantemente inconstitucionais, por ofenderem a independência e a autonomia dos Poderes Legislativo e Judiciário e por ofenderem a autonomia do Ministério Público e demais instituições constitucionais do Sistema de Justiça [...] e, por consequência, o princípio constitucional da separação dos poderes, o que justifica seu arquivamento". Tal crítica advém da criação de regras a fim de regular os gastos dos demais poderes. Ainda segundo a PGR, caso seja aprovada a PEC, esta prejudicará a atuação do Estado em pautas de suma importância social, tais como o combate à corrupção, ao crime, bem como a atuação na tutela coletiva e na defesa do interesse público.
Por fim, se tudo isso já não parecesse ruim o suficiente, lembre-se que o Governo